Nossa marcha cega em direção ao abismo

22/06/2025 Na última semana, durante a reunião do G7, o chanceler alemão Friedrich Merz proferiu uma frase que deveria ter provocado vergonha nas chancelarias europeias: “Israel está fazendo o trabalho sujo por nós ao bombardear o Irã.” Não foi um deslize retórico, tampouco um erro de cálculo político. Foi uma confissão crua que rasgou o verniz de civilização que a Europa ainda insiste em ostentar. Nenhum governo europeu emitiu sequer uma nota de repúdio, um mínimo “não em meu nome”. Nenhum gesto de recuo, nenhuma palavra de desagravo. Nada. O silêncio obsequioso que se seguiu equivale a um endosso coletivo.…

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O silêncio que prenuncia o crime

20/06/2025 Há mais de 24 horas, o mundo está mergulhado numa escuridão informativa – e desinformativa – em torno das ações de Israel contra o Irã. Não há uma nota, uma linha, uma única frase sequer vinda das agências globais de notícias. Nem mesmo as manipulações de praxe, nenhum contorcionismo semântico, nenhuma das usuais acrobacias verbais da Reuters, da AFP ou de qualquer outro braço da engrenagem de desinformação que, há décadas, opera como extensão diplomática de Tel Aviv. Nada. Apenas o vácuo. E o silêncio, quando emanado de estruturas habituadas a vender versões, é sempre sinal de que algo…

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Israel é a estética da mentira

17/06/2025 Acabo de assistir à entrevista de Daniel Zonshine, embaixador de Israel no Brasil, concedida ontem ao G1. Como de hábito na diplomacia israelense, o bolsonarista Zonshine fala nosso idioma com a destreza de um turista desavisado, trajando uma camiseta pirata de um clube de futebol local, adquirida ao acaso num camelódromo de esquina – um gesto de desprezo diplomático que não se pode ignorar. No entanto, o Zonshine-monoglotismo é, de longe, o menor dos problemas. O embaixador nazissionista é a encarnação ambulante da máquina de desinformação israelense. Ficou claro, na entrevista chapa-branca, que a única função da diplomacia israelense…

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O adeus de Lula a Mujica e o gesto que transcendeu a política

15/05/2025 Há despedidas que se dão no tempo. Outras, no espírito. A de Lula e Pepe Mujica foi das que se inscrevem na carne da história — mas também nas dobras mais íntimas da alma. Lula não alterou uma agenda internacional extremamente importante para “faturar” com a morte de um velho amigo, como já insinuam — com a previsibilidade de sempre — os de sempre. Estava em viagem quando soube do fim de Pepe, e a família do ex-presidente uruguaio — num gesto de rara grandeza e delicado afeto — decidiu adiar o enterro para que o brasileiro pudesse se…

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