O golpe que permanece

Edward Magro | 22/08/2025 Graças à Polícia Federal, vivemos uma semana incomum, dessas que mereceriam registro em ata como patrimônio da vida pública. A sequência de revelações foi de tirar o fôlego de mergulhador de águas profundas: Malafaia, afinal, encontrou a rola que Boechat lhe prescrevera anos atrás; o sempre cortês Eduardo Bananinha brindou o próprio pai com um educadíssimo VTNC, gesto que a crônica familiar há de registrar como prova de afeto filial; e descobriu-se que Jair aplicou trinta milhões de reais, de modo impecavelmente legal, nos últimos dois anos. Não foi o bastante, pois a PF apurou que,…

1 comentário

Olhe para cima

Edward Magro | 19/08/2025 Algo de muito sério está acontecendo, e não estou certo de que todos estejam percebendo. Não por falta de indícios — eles se acumulam —, mas porque a atenção coletiva tem sido sequestrada, dia após dia, pelo teatro grotesco encenado pelo palhaço fascista de pele alaranjada. O enredo é elementar: distrair, confundir, provocar risos nervosos e, nesse intervalo, avançar projetos políticos de destruição. É a lógica do filme Não Olhe para Cima, paródia quase-vida-real do primeiro mandato de Trump, em que Meryl Streep, emulando Trump, exibia-se dizendo: “Não se preocupem com o meteoro, olhem para mim”.…

2 comentários

Quintal não mais

Edward Magro | 17/08/2025 O último Datafolha trouxe um retrato curioso do imaginário nacional: 35% dos brasileiros acreditam que o tarifaço é culpa de Lula, enquanto 39% atribuem a responsabilidade à família Bolsonaro. O dado em si revela mais do que uma divisão de opiniões: revela a desinformação cuidadosamente cultivada. Pois a verdade é uma só: o tarifaço é culpa direta de Donald Trump. C'est fini! Quanto aos 39% que responsabilizam a família Bolsonaro, o furdunço desinformacional produzido pelo fascismo tenta transformá-la, de família antinacionalista que odeia o povo brasileiro, em uma tropa de “guerreiros” de uma luta imaginária pela…

1 comentário

O que vem depois da fala que destrói?

Edward Magro | 06/08/2025 Quem viu ontem parlamentares da extrema-direita com esparadrapos na boca no Congresso talvez tenha sentido um breve alívio: “Ufa! Ao menos, por um instante, calados”. Mas o gesto, embora farsesco, não é inofensivo. Ali estavam alguns dos mais prolíficos disseminadores de mentiras, teorias conspiratórias, difamações e discursos de ódio, sempre amparados pela imunidade parlamentar e pela retórica da liberdade de expressão. Há anos, suas falas circulam livremente por redes sociais, rádios, canais religiosos e tribunas. Nenhum foi silenciado; pior ainda, poucos foram responsabilizados — o que, em democracias maduras, representa o mínimo esperado. É curioso, e…

1 comentário