Celebrar a morte de fascista é dar vida ao fascismo

Edward Magro | 15/09/2025 Neste fim de semana, num misto de autoflagelação e crueldade contra mim mesmo, decidi assistir a alguns vídeos do recém-assassinado Charlie Kirk. Do que vi e ouvi, mesmo que esgotasse todos os adjetivos pejorativos do Aurélio, mesmo que os dispusesse em fila indiana, um a um, como cadáveres num cortejo malcheiroso, ainda assim a enumeração seria insuficiente para descrever sua hedionda e repulsiva figura. Sua performance, em essência, é a maldade humana transformada em espetáculo, a perversão condensada na figura de um influenciador fascista típico. E, no entanto, mesmo diante de alguém tão repugnante, não encontro…

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27 anos e 3 meses é o abrir da porteira

Edward Magro | 11/09/2025 Acaba de ser decretado: 27 anos e 3 meses de cadeia para o criminoso Jair Messias Bolsonaro.Eu me pergunto: foi pouco?Eu me respondo: sim, foi.Foi muito pouco. Eu me consolo. Já é um começo. Um começo que traz a vingança discreta da realidade: o homem que se acreditava inimputável, o mito erguido sobre lama, ódio e ressentimento, agora habita o território dos réus condenados. A sentença não devolve o que foi arrancado, mas concede à história um gesto inaugural.C’est la porte qui mène au châtiment, como dizem os franceses. Porque 27 anos e 3 meses não…

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O intestino-voto de Fux

Edward Magro | 11/09/2025 Na sessão de terça-feira, Luiz Fux fez questão de tumultuar a discussão sobre apartes. Criou mal-estar na sessão, afirmando que havia sido combinado que não haveria interrupções nos votos. Apesar de ter virado chacota e combustível para uma explosão de memes, aquele siricotico não foi um capricho qualquer: queria garantir para si o direito de ocupar, no dia seguinte, todo o tempo necessário da reunião para recitar seu discurso histórico em defesa do golpe de Estado. O surto da terça rendeu a Fux, na quarta, onze horas — onze intermináveis e nauseantes horas — como se…

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Fux joga futevôlei e a Constituição observa

Edward Magro | 10/09/2025 Acordei sem vontade de ver o voto do ministro Luiz Fux. Ainda assim, por teimosia, me obriguei a assistir.Não consegui transpor a barreira dos dez minutos iniciais. Entre brocados e rococós embalados por uma voz sóbria, mas muito próxima da embriaguez, o vetusto decidiu que o Supremo Tribunal Federal é incompetente para julgar a tentativa de golpe. Esperto. Não lhe passou despercebido, é claro, que as provas são numerosas, consistentes, impossíveis de refutação. Se o processo seguir, o golpe será criminalizado e seus construtores presos. Diante desse obstáculo intransponível, inventou uma saída lateral: a Corte seria…

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