O que vem depois da fala que destrói?

Edward Magro | 06/08/2025 Quem viu ontem parlamentares da extrema-direita com esparadrapos na boca no Congresso talvez tenha sentido um breve alívio: “Ufa! Ao menos, por um instante, calados”. Mas o gesto, embora farsesco, não é inofensivo. Ali estavam alguns dos mais prolíficos disseminadores de mentiras, teorias conspiratórias, difamações e discursos de ódio, sempre amparados pela imunidade parlamentar e pela retórica da liberdade de expressão. Há anos, suas falas circulam livremente por redes sociais, rádios, canais religiosos e tribunas. Nenhum foi silenciado; pior ainda, poucos foram responsabilizados — o que, em democracias maduras, representa o mínimo esperado. É curioso, e…

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Sem infernos, para ninguém

Edward Magro | 02/08/2025 Sou de uma geração de ateus, profundamente marcada pela Teologia da Libertação. Não me pergunte por quê, mas entre a resposta lacônica — “idiossincrasias da existência política” — e a mais provável — “o encantamento de fazer os Céus baixarem à Terra”, proposto por seus pensadores —, é esta segunda que mais me alcança. Digo isso porque uma frase me martela a cabeça há pelo menos quatro anos: “É do inferno dos pobres que se faz o paraíso dos ricos.” Essa frase-pensamento, seca e irrefutável, poderia muito bem ter sido dita por Marx, Spinoza ou Schopenhauer…

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O louco, o blefe e… truco ladrão!

Edward Magro | 30/07/2025 Ao abrir esta crônica, preciso deixar algo muito claro. Poucos personagens da história recente conseguiram converter o ridículo em método com tamanha eficácia quanto Donald Trump. Seu governo não representa um desvio de rota: é a encarnação crua da engrenagem imperial estadunidense, sem maquiagem nem meias-palavras. Onde antes havia verniz diplomático, ele expôs a grosseria. Onde havia cálculo, ostentou impulsos. Trump não rompeu o sistema; ele o revelou. A justiça ianque falhou e não o prendeu. O Trump rancoroso do segundo mandato foi apenas a versão intensificada do primeiro. Fascista é assim: quando não é pendurado…

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Enfim, a cumplicidade em ruínas

Edward Magro | 29/07/2025 Por décadas, a civilização ocidental se submeteu, com uma passividade humilhante, à chantagem moral imposta pelos governos de Israel. De Paris a Washington, de Berlim a Londres, o horror ao antissemitismo serviu, em não raras ocasiões, como biombo para a conivência com os crimes do sionismo de Estado. Essa longa noite de cumplicidade, felizmente, começa a ruir. Tardiamente, é verdade; mas ruir, afinal. Em entrevista coletiva transmitida em tempo real, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, anunciou que, a menos que Israel cesse imediatamente o massacre em Gaza, o Reino Unido reconhecerá o Estado da Palestina já…

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