Quando a fome mata Netanyahu se alegra e o Ocidente aplaude em silêncio

Fome em Gaza

Quando a fome mata Netanyahu se alegra e o Ocidente aplaude em silêncio

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20/05/2025

Há silêncios e silêncios; mas há um tipo de silêncio que não é ausência de som, mas ausência de humanidade. Um silêncio que revela, mais do que a concordância, a cumplicidade. É o silêncio ouvido nos salões dos palácios ocidentais — morada histórica do cinismo travestido de civilização judaico-cristã — onde se desenham, com a frieza dos sociopatas, os planos de extermínio do povo palestino. Não de hoje. Desde muito antes da criação do Estado de Israel.

Todos sabem — até o mais ermitão da humanidade sabe — que o que se passa em Gaza não é conflito, não é tragédia imprevista, não é desdobramento infeliz de uma guerra. É o projeto deliberado de destruição de um povo. E o Ocidente capitalista — esse cínico engravatado — ousa chamar isso de “direito à segurança”.

Quatorze mil bebês. Este é o número que Tom Fletcher, alto funcionário da ONU, lançou hoje ao mundo, num grito de desespero profundo. Quatorze mil bebês podem morrer em 48 horas se Israel mantiver o bloqueio de água, comida, remédios, combustível. Não se trata de bombas nem de balas. Trata-se de fome — e, portanto, de uma forma de assassinato mais lenta, mais atroz, mais meticulosa. Matar pela fome exige tempo. Exige paciência. Exige a frieza dos que contam calorias em vez de cadáveres.

Em Gaza, crianças morrem antes mesmo de aprenderem a falar. Morrem sem conhecer o nome de uma fruta, sem saber brincar com a areia, sem escutar a própria risada. Morrem com os olhos fundos de fome, seus corpos encolhendo até desaparecerem dentro da própria pele. Não se trata apenas de morte. Trata-se de tortura infantil em escala industrial — patrocinada, armada e legitimada por potências que se dizem civilizadas.

Benjamin Netanyahu — o primeiro-ministro do horror, à frente de um governo nazissionista — sabe exatamente o que faz. Seu bloqueio não é erro de cálculo logístico: é política de extermínio. Um genocida não é apenas aquele que dispara, mas também aquele que fecha a padaria, a farmácia, o posto de gasolina. Aquele que corta a água potável. Aquele que, podendo evitar o mal, escolhe perpetuá-lo. A fome, como as câmaras de gás, exige escolha. E Netanyahu escolheu.

A Europa, com sua hipocrisia habitual, protesta em tons mornos, enquanto continua a fazer negócios com o sionismo armado. Os Estados Unidos, como sempre, assinam o cheque e abastecem o exército carniceiro de Israel. Entre uma conferência e outra sobre “direitos humanos”, financiam o cerco e armam o algoz. As palavras polidas ditas em Bruxelas ou em Washington evaporam diante da imagem de uma criança de dois anos comendo folha seca ou chorando de sede diante de uma torneira seca. O Ocidente não lava as mãos — lava o sangue com champanhe.

O sionismo, que um dia ousou se apresentar ao mundo como movimento de libertação, degenerou num projeto de dominação e supremacia étnica. Já não há disfarces. O que se vê é a repetição macabra da lógica totalitária. É o espírito do nazismo reencarnado em tanques modernos e drones de vigilância. Há campos de concentração sem grades: são cidades muradas, onde os alimentos não chegam e os corpos apodrecem sob o olhar indiferente das câmeras. Gaza tornou-se um laboratório de desumanização. Mengele, se vivo, aplaudiria o experimento.

Mas os corpos falam. Mesmo quando silenciam. Cada bebê que morre de fome em Gaza é um libelo contra a mentira do sionismo, contra a farsa da civilização ocidental, contra a covardia das instituições internacionais. Esses bebês não têm tanques, nem fronteiras, nem embaixadores. Têm apenas o direito de viver — um direito que lhes é negado por governos que se dizem defensores da liberdade.

A pergunta que se impõe ao mundo é simples, brutal, definitiva: até quando?

Até quando aceitaremos que crianças sejam assassinadas por inanição diante dos olhos do mundo?

Até quando o Ocidente continuará fingindo que não há genocídio em curso, apenas porque o genocida é seu parceiro comercial?

A história cobrará. E, quando esse tempo chegar, não nos será permitido dizer que não sabíamos.

Todos sabíamos.

O Ocidente sabe de cada criança que morreu de fome. Sabe — e nada faz, prefere acalentar “bebê reborn”.

Talvez, no fim, o que reste à humanidade seja o nome de cada um desses bebês. Não seus nomes reais, mas os nomes que cabem a todos os inocentes massacrados pela omissão dos fortes: dignidade, justiça, memória, compaixão.

As crianças palestinas estão morrendo de fome, mas é o mundo que, há muito, já morreu por dentro.

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