Domingo domingou, e domingará muito mais

Edward Magro | 24/09/2025 Acompanhar a vida política brasileira costuma ser tarefa exaustiva. O espetáculo mais frequente não se faz de grandes decisões de Estado, mas de intrigas miúdas, chantagens calculadas e negociações de bastidores tão repetitivas que, além de se autoesgotar, nos esgota a todos. Tudo isso embalado em selfies e lives broxáveis, como se o fascismo local, em sua versão galinha verde, acreditasse que a transmissão contínua do ridículo pudesse convertê-lo em grandeza. De tempos em tempos, contudo, algo se desloca. Raros como estrelas visíveis em noites paulistanas, surgem dias em que a história decide se mostrar de…

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Bananinha, líder da minoria na caverna de Ali Babá

Edward Magro | 17/09/2025 Os portais hoje exibem o crime cometido ontem pela Câmara. Não foi propriamente uma sessão legislativa, mas uma assembleia na caverna de Ali Babá, onde quarenta, ou talvez mais, ladrões redefiniram as regras do jogo e resolveram legislar sobre sua própria impunidade, decidindo como não julgar e como não punir criminosos travestidos de parlamentares. Inventaram uma espécie de autoanistia preventiva, cuidadosamente redigida para assegurar que criminosos de paletó e gravata continuem frequentando o plenário em vez de celas. Nessa Câmara bolsonarista, no pós-Arthur Lira, a criminalidade política alcançou proporções tais que, se nos permitirmos uma comparação…

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Celebrar a morte de fascista é dar vida ao fascismo

Edward Magro | 15/09/2025 Neste fim de semana, num misto de autoflagelação e crueldade contra mim mesmo, decidi assistir a alguns vídeos do recém-assassinado Charlie Kirk. Do que vi e ouvi, mesmo que esgotasse todos os adjetivos pejorativos do Aurélio, mesmo que os dispusesse em fila indiana, um a um, como cadáveres num cortejo malcheiroso, ainda assim a enumeração seria insuficiente para descrever sua hedionda e repulsiva figura. Sua performance, em essência, é a maldade humana transformada em espetáculo, a perversão condensada na figura de um influenciador fascista típico. E, no entanto, mesmo diante de alguém tão repugnante, não encontro…

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27 anos e 3 meses é o abrir da porteira

Edward Magro | 11/09/2025 Acaba de ser decretado: 27 anos e 3 meses de cadeia para o criminoso Jair Messias Bolsonaro.Eu me pergunto: foi pouco?Eu me respondo: sim, foi.Foi muito pouco. Eu me consolo. Já é um começo. Um começo que traz a vingança discreta da realidade: o homem que se acreditava inimputável, o mito erguido sobre lama, ódio e ressentimento, agora habita o território dos réus condenados. A sentença não devolve o que foi arrancado, mas concede à história um gesto inaugural.C’est la porte qui mène au châtiment, como dizem os franceses. Porque 27 anos e 3 meses não…

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