Fux joga futevôlei e a Constituição observa

Edward Magro | 10/09/2025 Acordei sem vontade de ver o voto do ministro Luiz Fux. Ainda assim, por teimosia, me obriguei a assistir.Não consegui transpor a barreira dos dez minutos iniciais. Entre brocados e rococós embalados por uma voz sóbria, mas muito próxima da embriaguez, o vetusto decidiu que o Supremo Tribunal Federal é incompetente para julgar a tentativa de golpe. Esperto. Não lhe passou despercebido, é claro, que as provas são numerosas, consistentes, impossíveis de refutação. Se o processo seguir, o golpe será criminalizado e seus construtores presos. Diante desse obstáculo intransponível, inventou uma saída lateral: a Corte seria…

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Convergência em tempos de crise

Edward Magro | 08/09/2025 Acabo de ler os nossos portais hegemônicos sobre o encontro dos BRICS hoje.Espremendo tudo, misturando boa porção do meu suco gástrico com um tanto generoso de minha bile, e depurando o caldo em peneira grossa para poder escoar, sobrou como suco a habitual superficialidade e a previsível má vontade deles com os BRICS — e, em particular, com Lula. Palavras rasas, relatos planos, como se todo gesto coletivo e cada gesto político pudessem ser reduzidos a manchetes mecânicas. Um tanto quanto indignado — não tenho mais fígado para me indignar em profundidade — rascunhei algumas linhas…

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Ria, ria muito, ria sempre do fascismo

Edward Magro | 07/09/2025 Donald Trump, em sua inesgotável capacidade de se degradar um pouco mais a cada dia, publicou ontem, em sua própria rede social — esgoto fascista batizado de Truth Social —, uma montagem inspirada em Apocalypse Now: helicópteros sobre Chicago e uma bola de fogo, acompanhados da legenda: “Adoro o cheiro de deportações pela manhã.” Apesar da firme resposta do governador de Illinois, JB Pritzker — “Donald Trump não é um homem forte, é um homem medroso. Illinois não se deixará intimidar por um aspirante a ditador” —, o efeito deletério do meme trumpista não deve ser…

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Dançando na lavanderia

Edward Magro | 05/09/2025 Li no zap-zap que Tarcísio disse, na Bolsa de Valores de São Paulo, que o mercado financeiro vai “proporcionar a redução das desigualdades”, como se fosse um tipo de motor da justiça social.Incrédulo, não acreditei.Assombrei-me, perplexizei-me, fiquei pasmado.Reli o post; havia um link. Cliquei receoso, temendo vírus, um cavalo de Troia, alguma armadilha digital. Não era cavalo nem Troia; era apenas Tarcísio, entoando o mantra da “mão invisível”. Essa que, invisível, aperta gargantas enquanto coleciona moedas, tão diligente em concentrar riqueza, agora se convertera em irmã caridosa, repartindo o pão, acolhendo pobres e desgraçados. Acreditei. Não…

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