Baila rancor, baila!

Edward Magro | 03/09/2025 O Tarcísio, como se diz lá no Espigão, "pode até ser burro, mas besta ele não é". O que ele faz, nos palanques em que se exibe e nas manchetes que fabrica, transmitindo a imagem e a sensação de que luta pela anistia de Bolsonaro, não passa de um bailado manco, um tango sem bandoneón, um baião sem sanfona, um minueto sem orquestra. É fogo-fátuo que arde sem queimar, que se mostra sem existir. Ele sabe perfeitamente que não há anistia possível para Bolsonaro, pois qualquer lei nesse sentido encontraria, sem demora, a lata de lixo…

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O que vem depois da fala que destrói?

Edward Magro | 06/08/2025 Quem viu ontem parlamentares da extrema-direita com esparadrapos na boca no Congresso talvez tenha sentido um breve alívio: “Ufa! Ao menos, por um instante, calados”. Mas o gesto, embora farsesco, não é inofensivo. Ali estavam alguns dos mais prolíficos disseminadores de mentiras, teorias conspiratórias, difamações e discursos de ódio, sempre amparados pela imunidade parlamentar e pela retórica da liberdade de expressão. Há anos, suas falas circulam livremente por redes sociais, rádios, canais religiosos e tribunas. Nenhum foi silenciado; pior ainda, poucos foram responsabilizados — o que, em democracias maduras, representa o mínimo esperado. É curioso, e…

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Quando morrer é o último gesto de humanidade

Edward Magro | 05/08/2025 Desde o início da última campanha israelense de destruição em Gaza, em outubro de 2023, ao menos 47 soldados israelenses tiraram a própria vida. É o que revela uma matéria recente publicada pelo jornal Haaretz, não exatamente um bastião da crítica antissionista, mas uma das últimas trincheiras do jornalismo honesto dentro do próprio Estado israelense. Segundo os dados divulgados, trata-se de um número que supera, com folga, a média de suicídios registrada entre os anos de 2018 e 2022, que oscilava entre 9 e 14 por ano. Lamentavelmente, não se pode realizar pesquisa sobre as motivações…

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Quem não cala não consente!

Edward Magro | 31/07/2025 Nas últimas semanas, o governo brasileiro tomou quatro decisões históricas. Articuladas em silêncio, comunicadas com sobriedade e ignoradas com inquietante unanimidade por grande parte da imprensa nacional. Nenhuma manchete em destaque, nenhum editorial à altura, nenhum repórter acompanhando de perto o que talvez sejam os atos mais significativos da diplomacia brasileira neste século. O que se passou foi quase clandestino, como se houvesse um pacto tácito para ocultar a dignidade. Essas quatro decisões, ao mesmo tempo corajosas, ousadas e moralmente incontornáveis, foram tomadas diante do horror em curso na Faixa de Gaza, onde o Estado de…

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