Há, entre nós, um país que se recusa a se enxergar em quem sobe

Edward Magro | 29/07/2025 Vivemos um daqueles raros momentos históricos que, em tese, mereceriam celebração: desemprego em queda livre, massa salarial em alta, fome recuando ao nível do erro estatístico e uma classe média que, depois de longos anos de recesso, volta a admitir novos membros. Um país em ascensão, diriam os entusiastas — merecedor, talvez, de uma nova capa da Economist, a bíblia do liberalismo mundial. Um Brasil que, pela primeira vez em muito tempo, consegue fazer da esperança um dado empírico, compartilhado, vivenciado no dia a dia, e não apenas uma palavra decorativa em discursos oficiais. Para que…

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A reconquista do pão

28/07/2025 Há conquistas que pertencem à ordem da esperança. Outras, mais raras, à ordem da reparação. Foi anunciado há pouco, em Adis Abeba (Etiópia), que o Brasil foi oficialmente retirado, pela segunda vez em sua história, do Mapa da Fome da ONU. Em 2014 o Brasil havia deixado o mapa pela primeira vez, e volta a alcançar esse feito em tempo recorde — desta vez, após menos de três anos de reconstrução institucional. É, sem dúvida, motivo de alegria — mas também de lembrança. Porque, para que um país seja reinserido no rol da dignidade, é necessário antes admitir que…

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Quando a França disse basta!

24/07/2025 A decisão anunciada há pouco pelo presidente Emmanuel Macron, de reconhecer oficialmente o Estado da Palestina na próxima Assembleia-Geral das Nações Unidas, é mais do que uma boa notícia: trata-se de um gesto histórico, digno de ser celebrado com a intensidade dos momentos que rasgam a couraça da história. Representa um golpe certeiro na armadura diplomática de Israel, há décadas corroída pela arrogância da impunidade. O gesto francês, mais do que uma celebração simbólica da luta do povo palestino, consagra uma derrota amarga para o regime nazissionista de Benjamin Netanyahu e seu gabinete composto, integralmente, por sanguinários criminosos de…

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A república do algoritmo e o abismo à nossa frente

12/07/2025 Durou pouco mais de 48 horas o mundo em que Donald Trump, ao anunciar um tarifaço contra o Brasil, lançou, sem saber ou se importar, o mais eficaz dos mísseis contra seus próprios devotos bolsonaristas: um tiro direto no peito dos ricos que o veneram e o defendem com o fervor típico do colonialismo mental. Essas 48 horas de sanidade coletiva foram possíveis enquanto o cheiro da pólvora ainda sensibilizava o que restava de razão e lucidez na sociedade brasileira. A parte sadia de nosso tecido social conseguiu, ainda que de forma efêmera, demonstrar à parte adoecida que o…

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